Os Diálogos de Waltão

2004-10-30

Acho que... (II)

Walter: ...o sistema de ficheiros deve arquivar os posts de outubro de amanhã para depois. Melhor esperar para postar coisas novas, pois nunca se sabe o chabu que pode dar.

Malter: Que ser isso? Lei da mordaça? Essa é uma desculpa elaborada com claro intuito: não nos querem deixar expressar pensamentos e palavras com liberdade. E digo mais! Eu mesmo já...

Walter: Olha, uma lagartixa!

Malter: Hein! Cadê? Onde foi q... hmpf! hmF!! HMMmmmPf!!!

2004-10-27

Acho que...

Walter: ...estou começando a confiar mais nas pessoas. Em um seleto grupo, verdade, mas a confiança é sincera.

Malter: Hmm... quereria isso dizer que antes não te nutriam elas confiança?

Walter: Ei!

2004-10-25

Muito além do jardim

De meu quarto podem-se ver, através dos portões, quatro ou cinco metros do passeio. Foram-me sempre os quatro ou cinco metros de silhuetas passando apressado. Com o tempo, via-lhes não mais semblante, rosto ou vestimenta, mas tão-somente o vulto. Seguia eu a viver do exercício da pena, nada mais.

Houve uma noite, porém, em que um dos vultos insistiu em tomar forma, recusando-se a passar incólume por minha indiferença. Duas noites mais seguiram-se à primeira -- as anteriores não se contam. Somava então três luares nada mais a iluminar, senão, em holofote, a passagem de uma silhueta agora com semblante, rosto e vestimenta.

No silêncio de meu estudo, partituras há que não mais leio -- dos concertos mais célebres e da ária mais virtuosa prescindo. Recobro, ainda que em momentâneos hiatos, e malgrado a distância -- real ou imaginária, sentida ou pretendida --, o que há muito já tinha por perdido. Bom saber que seus olhos vejo. Bom saber que sua voz ouço. Bom saber que respiro o mesmo ar que se faz vento.

Mas foi-se o tempo de imaginar futuros de pretérito. As certezas destes muros que me cercam já não mais me protegem.


Nota: Título remetente ao filme Muito Além do Jardim
(Being There, EUA, 1979)

(da série Muito Além do Jardim)

2004-10-22

Perfume de mulher

Curioso como certas situações, por mais triviais ou diminutas, cotidianas ou singelas, provocam-nos.

Quinta-feira (2004-10-14) fui ao barbeiro para "ter meu cabelo cortado" (pequeno lembrete do uso causativo de 'ter'). Fui não uma, mas duas vezes, pois na primeira encontrava-se ele já em horário de almoço. Na segunda, logrei êxito.

Mas gostaria de concentrar este breve relato na volta da primeira vez, quando, vencendo um pequeno aclive, cruza-me o caminho uma desconhecida. Ela descendo, nada haveria digno de nota, não fosse o que pude perceber um ou dois instantes logo após sua passagem.

Quem me conhece sabe que pouco (ou nulo) uso faço de adereços. Mesmo meu relógio de pulso (que uso como cronômetro), comprado em dezembro passado, até hoje não fez jus ao nome, entrelaçado em meus dedos que deixo -- daí minha opção por um relógio de bolso, para as verificações horárias cotidianas. Tampouco de odores me tinjo, temente que sou das impressões errôneas que se possam expressar -- na verdade, nem tanto, mas isso já são outros quinhentos.

Após aqueles poucos segundos, pensei em tornar e perguntar-lhe o nome e onde o encontrara -- talvez pensasse eu em presenteá-lo, um dia. Mas ela já se encontrava distante. Uma pena idéias assim ocorrerem-me com retarde. Ou não. Se uso não faço dessa sorte de artifícios -- conquanto não o reprove em outrem --, careceria de coerência agir em desacordo com meus próprios preceitos. Por que, então, por um átimo almejar algo por mim mesmo tido como tão externo, supérfluo até?

Talvez, quem sabe, esteja eu cedendo às pressões do que me rodeia e que minha fortaleza mina. Talvez, quem sabe, não haja assim tanto mal nessa ação por tantos praticada. Talvez, quem sabe...


Nota: Título remetente ao filme Perfume de mulher (Scent of a woman, EUA, 1992).

(da série Mens Sana)

2004-10-19

Em tempo jamais vivido

Nunca antes 'combinar' soara-me mais acalentador.
Tuas duas palavras fizeram-me recuperar o ânimo,
rever meus horizontes, ter esperanças além da razão.

Camila, minha amiga,
   recupera-te bem
   obrigado pelo incentivo

Walter

2004-10-17

Tenho rinite alérgica [a pó]

Em crise desde quinta-feira (2004-10-14), tive piora hoje brusca e repentina. Passei a tarde assistindo a meus linfócitos digladiarem-se contra inimigos imaginários -- típico das reações alérgicas, diga-se. Farto e febril, sucumbi às sugestões de auxílio medicamentoso. Curioso como, após alguns minutos de ingerida a dipirona sódica, os sintomas como que se expurgaram pelo suor. Talvez, então, houvesse certa propriedade no antigo método de sangria, que consistia em fazer o paciente sangrar "para extrair-lhe o mal".

Não. Sabe-se hoje que a coerência não se faz mais do que superficial, que a retórica carece do que em empírico se (com)prova. Como exemplo ora banal, temos os tubarões, condríctios conhecidos por não desenvolverem neoplasia (=câncer). Tirar-se-ia, daí, que cápsulas com um manipulado de cartilagem desse peixe serviriam para proteger-nos ou curar-nos da moléstia. Nada mais "disque 1406" -- no que tange à já mencionada retórica.

Mas se não fora o suor o responsável por minha melhora, o que poderia ter sido? De certo, nada que se pudesse lavar à pia e enxugar co'a toalha de rosto.

De fato, reações outras houve que, conquanto não se possam perceber, têm entre seus efeitos uma sudorese induzida. Não se pode tomar o efeito pela causa, atente.

2004-10-12

Crédito a quem se deve

Não que seja este espaço um confissionário, mas admito [em mea culpa] que, há cerca de dois anos, quando começaram a surgir os primeiros blogs, não dei muita bola. Talvez por não acreditar na proposta ou, bastante mais provavelmente, por não entendê-la. Mas o que há para entender de um meio tão recente, cuja idade conta-se com um dígito apenas?

Inagaki, em seu antigo blog, escreve com propriedade sobre o ato de blogar (artigo que encontrei hoje, através do blog do Ronoc). Em tempo, e respondendo ao referido artigo do Inagaki, tenho tido boas experiências ao navegar por posts antigos. Exemplo disso foi ter descoberto uma amiga em comum Walter-Marmota, em um post de cerca de dois anos de idade de seu (do Marmota) blog. Inagaki, Ronoc e Marmota, pioneiros e inovadores que sempre foram, merecem seu quinhão de reconhecimentos.

Duas outras pessoas, colegas de graduação, igualmente contribuíram para que Os Diálogos de Waltão tomasse forma. Mestre Sérgio -- ainda vou usar seu neortográfico "ousseja" -- e tia Fátima, que me mostrou perspectiva diversa da que eu tinha em relação aos blogs.

P.S.: Ah, sim. Aproveito esta entrada para escrever que WalterWorld.org deve voltar ao ar em alguns meses -- talvez em março do ano próximo. Estará, então, completa a trinca blog-forum-site -- há muito o que ser expresso.

P.P.S.: Outras pessoas e respectivos blogs (ou não), a seu próprio modo, também contribuíram para a abertura d'Os Diálogos. Aguardai.

Latim em latinha

Um comentário da Ana/Carol me fez lembrar das aulas de Língua Latina I e II (prof.ª Angélica Chiapetta) e do dicionário do MEC, comprado em um sebo. Preciso voltar a estudar, o que poderia se concretizar já no próximo semestre, quando se oferece Língua Latina III, mas há deveres acadêmicos outros ainda por cumprir.

(da série Latim em Latinha)

De volta ao voto

Neste período de eleições, em que cidadãos podem ser "conscritos" a trabalhar de mesários -- qual Mestre Sérgio, que já escreveu sobre o ofício -- e nos defrontamos com uma míríade de candidatos -- como bem escreveu Inagaki (neste e neste artigos) --, somos levados, na melhor das hipóteses, a nos questionar sobre quem colocamos nos poderes Legislativo (caso atual da Câmara de Vereadores) e Executivo (caso atual da Prefeitura).

Certamente, o que poucos chegaram a fazer -- e cá confesso não ter sido um deles -- foi acompanhar os afazeres de seus candidatos. Minha candidata a vereadora obteve a quantidade de votos necessária para ocupar uma cadeira na Câmara, e aqui me comprometo a seguir seu trabalho, quicá eventualmente contribuindo. Quanto à minha candidata à Prefeitura, caberia outra confissão de indolência. Felizmente, vêm-me a socorro pessoas mais bem-informadas, como o Ronoc, especialmente em seu mais recente artigo, uma crítica à hipocrisia paulistano-brasileira -- também marco de seu regresso à blogosfera (como costuma dizer o Inagaki).

Ontem, hoje e amanhã

Acordei hoje co'a lembrança de que preciso renovar a carteira de motorista (pela segunda vez). Amanhã devo ir bem cedo ao PoupaTempo. Aproveito e já procuro algumas coisas no centro (ex.: corrente pro relógio; CD em branco; câmera digital; O Médico das Canetas).

Percebi ontem o que o Marmota falou sobre os recursos de um blog gratuito serem limitados. Neste, por exemplo, só podem postar comentários quem tiver conta no Blogger/Blogspot -- alternativamente, pode-se postar como anonymous e assinar no corpo da mensagem. A propósito, não há como nem mesmo o dono do blog deletar comentários, quer seja uma duplicata, quer seja algo ofensivo -- perigoso que isto se faz, como avisa Inagaki em artigo sobre o Imprensa Marrom, retirado do ar devido a um processo movido contra o blog (que já está de volta).

Por outro lado, enquanto não coloco meu site de volta ao ar, vou experimentando os recursos oferecidos por este e outros acessórios, como o forum de discussão Mens Sana (atual Zona Neutra). Outro recurso que pretendo experimentar agora é a postagem programada. Hmm... vejamos.

Adendo: Xii... funcionou não (saiba o porquê no forum Mens Sana).

2004-10-11

Dualidade

Onde houver engenhosidade
   lá estará o reflexo de nosso progresso intelectual
Onde houver auxílio
   lá estará o reflexo de nosso progresso moral


Apenas algo que escrevi, tendo por base o provérbio latino "ubi dubium ibi libertas" -- Onde [houver] dúvida (lá) [há] liberdade -- e sua estrutura (i.e., ubi/ibi).

(da série Poetize)

Diário de Bordo [005.33.1;7.0.60]

Bom, comecemos aqui um resumo dos últimos dias.

2004-10-06 (QUA)
·Poucas são as informações capazes de nos deixar realmente aliviados, e em tão poucas palavras. Nesse caso, especialmente, em apenas uma frase pude perceber o quanto estava enganado, conhecer a verdade e obter "as respostas de que careço". Não foi o desfecho que esperava ou desejava. Por outro lado, qual no início do corrente (ou final do passado, talvez), houve situação em que se sentiu menos a tristeza do não alcançar do que o alívio do fardo que se descarrega. Não sei se agüentaria uma terceira provação, mas percebo amadurecer vez a vez, passando ao largo do risco de cair de maduro. Portanto, que venham as tormentas!

2004-10-07 (QUI)
·"niver", no dialeto bloguish. No dia em que se iniciou meu 29.° ano de vida, parabenização de colegas, amigos e parentes. Como há muito não tenho mais festa -- apenas completo anos --, encontraram-me muitos, telefonaram-me alguns, eletronicopostaram-me outros.
·Sobre o presente? Um ingresso, dei-mo. No dia 18 de novembro de 2004, às 21h, assistirei à apresentação dos Concertos de Brandenburgo (Bach) n.° 1, 2 e 3, pela Orquestra de Câmara da OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de de São Paulo), regente Cláudio Cruz. [programação]

2004-10-08 (SEX)
·Pequena correria. Instituto Santa Teresinha (colégio de surdos onde fazemos observação), pela manhã; HC (Hospital das Clínicas) pela tarde -- e o médico, que deveria dar alta para a Camila (que teve a cirurgia protelada), não apareceu às 14h, mas somente após as 19h; trabalho de Filologia Portuguesa, no final da tarde.

2004-10-09 (SAB)
·Ricardo Osiro (manda-chuva logístico, ator de teatro e de comerciais) agracia-nos com sua presença, corajosamente vindo de sua aula de dublagem. Discutimos os primeiros esboços de nossa vindoura empreitada multimidiática (O Projeto); assistimos a alguns exemplos do que pode ser feito; fomos à casa sua e capturamos (com sua filmadora digital, muito chique) algumas cenas de teste; quebramos a cabeça tentando usar um programa de efeitos especiais, o Adobe After Effects (AE), que nenhum de nós havia usado até então; famintos, sem janta nem lanche, deixamos para o dia seguinte. Em tempo, talvez O Projeto só deslanche mesmo após o regresso do Marmota, atualmente em sua quinzena e meia européia.

2004-10-10 (DOM)
·Dando continuidade às nossas desventuras sabatinas, Osiro e eu fomos a, digamos, um conhecido reduto tecnológico-multimidiático localizado à Av. Paulista. Pesquisamos preço de câmeras digitais -- talvez acabe comprando uma Sony Cybershot P-43 (4,1 Mpix), quem sabe -- e, digamos, munimo-nos de meios para levar adiante O Projeto.
·Saídos de lá, dirigimo-nos ao Teatro Aliança Francesa, onde assistimos à peça Agreste -- muito boa, diga-se.

2004-10-11 (SEG)
·Estou desde ontem à noite tentando colocar o efeito pelo AE. Na verdade, o efeito já consegui, mas ainda não sei como aplicá-lo aos quadros subseqüentes. Carambolas...

Opa! Falei, falei, e não disse muita coisa sobre O Projeto, não? Hmm...

(da série Diário de Bordo)

Diário destes dias,

Talvez precise esvaecentes pensamentos em indelével tinta registrar, mesmo sem que para olhos outros palavras estas se escrevam.

Anoto hoje o que em tempo futuro -- assim o espero -- trará o alívio terno da maturidade, que nas desventuras pueris se compraz.

Segredos havendo, tenho comigo a certeza nesta alva testemunha da cumplicidade. Aos que deles partilhem, que o conhecimento lhes seja o códice a desvendar o que em íntimo já sabiam.

(originalmente escrito como introdução para registros a serem mantidos em tinta e papel)

2004-10-07

Post zero, versão alpha

Função emotiva: Walter
--em vigília...

Função conativa: visitante
--em visita...

Função referencial: em curso
--blog acionado...
--blog online...

Função fática: ativada
--testando canal... 1, 2, 3... som... ssssôm...

Função metalingüística: ativada
--opção comments habilitada...

Função poética: em curso
--digitação em curso...
--digitação concluída com êxito.